Plataforma Urbanismo Biopolítico

 

Urbanismo Biopolítico é o conjunto de forças que constituem as disputas pela produção do espaço nas metrópoles contemporâneas, propiciando o mapeamento do conjunto de atores que compõem as forças que envolvem tanto o Urbanismo Neoliberal, quanto o Urbanismo Biopotente (das resistências cidadãs). A ideia do workshop é transferir conhecimento produzindo tecnologia social, re-aplicando o método utilizado em Belo Horizonte para os casos específicos de conflitos territoriais existentes em Goiânia.

 

Para além da cartografia, o workshop envolve também outras ações cotidianas junto aos movimentos e atores das resistências biopotentes, atuando justamente no ponto cego das lutas, entre as resistências locais e o poder público que detém informações complexas. Pretende-se assim desvendar e traduzir de diversas formas as perversidades do jogo de produção de espaço neoliberal que estão inseridas na macropolítica das questões urbanas, principalmente quando se trata de grandes projetos envolvendo parcerias público-privadas, nos quais governos e grandes investidores envolvidos – principalmente empreiteiras e bancos – agem a partir de uma lógica privada, orientada para a acumulação de capital e, muitas vezes, de forma irregular.

 

São objetivos deste workshop:

  • iniciar uma cartografia da economia política dos projetos urbanos neoliberais em Goiânia;
  • produzir material gráfico, informação e análise para subsidiar a produção cientifica e denúncias a órgãos de fiscalização e controle de forma impedir a efetivação de projetos contrários à justiça espacial, (quando possível, propondo estratégias de melhoria e adequações);
  • fomentar resistências com forte estratégia de comunicação e tradução gráfica na forma de blogs, wikis e ferramentas de mapeamento coletivo;
  • ampliar a cartografia das ações biopotentes que apontam novos caminhos para construção de políticas públicas e programas de Estado voltados a uma cidade mais justa e menos excludente;
  • produzir tecnologia social através de informação/ conhecimento reaplicável;
  • desenvolver e aperfeiçoar a plataforma cartográfica atual de trabalho do grupo de pesquisa e esboçar protótipo de ferramenta de mapeamento que sobreponha as utilizadas atualmente, podendo servir de base para outros grupos atuarem coletivamente e colaborativamente no processo de produção de informação.

 

Para realizar o processo, serão utilizadas as seguintes táticas e estratégias:
(i) levantamento de dados,
(ii) mapeamento georreferenciado das informações coletadas;
(iii) tradução textual e gráfica de informações técnicas,
(iv) divulgação e mobilização social pelas ferramentas blogs e fanpage e
(v) atividades acadêmicas – produção de artigos científicos, aulas públicas, entrevistas e participações em eventos.

 

De um modo geral o processo cartográfico indisciplinar utiliza cinco dimensões principais:

  • I) Espacial/territorial: a) por meio da criação de mapas digitais colaborativos que reúnem ferramentas de georreferenciamento com a possibilidade de atuação em rede e em tempo real, utilizando softwares como Crowdmap e Mapas de Vista; b) produzindo cartografias coletivas a partir de encontros presenciais, como oficinas e workshops.
  • II) Temporal: por meio da produção de linhas do tempo que analisam a evolução temporal dos fenômenos investigados e sua relação com eventos/acontecimentos paralelos da dinâmica urbana.
  • III) Conceitual e informacional: utilizando páginas wiki (ou seja, que possibilitam a produção colaborativa, processual e em rede do conhecimento) como forma de desenvolvimento dos marcos teóricos que norteiam nossas pesquisas, assim como meio de produção/armazenamento de bases de dados.
  • IV) Comunicacional ou de criação de redes: a partir do uso tático das redes sociais e canais de comunicação de ampla utilização na internet, como fanpages e eventos em redes sociais, blogs, produção de memes etc.
  • V) Incidência política e formação: por meio de ações de rua como aulões públicos, formação popular e oficinas que trabalharem junto à população afetada, movimentos sociais parceiros e outras organizações e garantam a participação dos afetados nos projetos e, ainda, incidência junto aos órgãos de fiscalização e controle.

 

Impõe-se, neste workshop, o desafio de iniciar junto à equipe envolvida, uma sobreposição de todas essas camadas, proporcionando a conexão e a retroalimentação entre as diversas ferramentas.